domingo, 27 de abril de 2014

Resumo do Livro Sesmaria Santo Ignácio ou Isabel com pequena enfase aos Costa Leite

A sesmaria de Santo Ignácio ou Isabel foi concedida em favor da viúva Izabel Maria da Silva em 12 de março de 1816 pelo 5º Marquês de Alegrete (Luis Telles da Silva Caminha e Menezes). Sabe-se que a viúva Izabel residia nos campos denominados Santo Ignácio há bem mais tempo, porém só recebeu a carta de concessão em 1816. Os campos de Santo Ignácio ficaram conhecidos como Sesmaria Santo Ignácio ou Isabel em referência ao nome da proprietária. Isabel Maria da Silva faleceu no dia 23 de junho de 1855, em sua estância do Durasnal. Deixou como herdeiros legítimos filhos e netos: Joaquina Maria de Jesus (viúva), Brigida Maria da Silva, Anna Maria da Silva, Manoel Antônio Vellozo, Constantino Vellozo, Maria Joaquina Berruca, Leonardo Antonio dos Santos, Manoel Antonio da Maia, Laurinda Maria da Silva, Manoel Antônio de Lima e seus representantes. 

Foram interessados ou condôminos nos Campos de Santo Ignácio: João Lino da Costa Leite e sua esposa Ritta de Souza Branco, José Marcellino Pedreira, Marcelino de Souza Branco e sua mulher Da. Anna Candida de Almeida Branco, Reinecio de Souza Branco e sua mulher Da. Maria Carlota de Souza, João Marcelino e sua esposa Da. Isaltina da Conceição, Basilio Rodrigues dos Santos e sua mulher Da. Laura Dornelles dos Santos, Protásio Moreira Guedes, Da. Castorina Moreira Guedes, Manoel Pires de Almeida, José Candido de Almeida, Da. Ismenia Cunha de Almeida, Da. Maria Francisca de Almeida, Gil de Almeida Cunha e sua esposa Da. Amazilia Cunha de Almeida, Da. Francisca Carolina de Almeida por si e como tutora dos menores seus filhos juntamente com os mesmos, Orval Pires de Almeida, Manoel Pires de Almeida, Lindolpho Pires de Almeida e sua esposa Da. Leocadia Gonçalves de Almeida, Tristão Pires de Almeida, Julio Pires de Almeida, Francisco Pires de Almeida, Emiliana Pires de Almeida, José Dolores, Pedro José dos Santos, Da. Amalia Moreira Braga seus filhos e genros, Arthur Dias Braga, Amador Dias Braga, Antonio José Braga, Amélia Dias Braga, Rosa Dias Braga, Arminda Dias Braga, Clarice Dias Braga, Adélia Dias Braga, Felippe Nery Pinheiro e sua mulher Da. Adelina Dias Pinheiro, João José Pinheiro e sua esposa Da. Antonia Dias Pinheiro, Apparicio Dias Braga e sua mulher Da. Emilia Acosta Braga, João Octavio da Costa e sua esposa Da. Angelica Dias da Costa, Apparicio Joaquim Rodrigues e sua mulher Da. Maria Celia Alves Rodrigues, Cassiano Guedes da Luz e sua mulher Da. Manoela da Silveira Guedes, Sérgio de Sá Dornelles e sua mulher Da. Ercilia Nogueira Dornelles, Elisio Lourenço Pinto e José Rufino.

Demetrio Alves Leite em seu livro Sesmaria Santo Ignácio ou Izabel escreve: “O processo de medição, demarcação e divisão dos campos na Sesmaria de Santo Ignácio, hoje chamamos Sesmaria Isabel, sesmaria que foi de Isabel Maria da Silva, a ação foi avaliada em cento e cinqüenta contos de réis (150:000$000). O processo iniciado na Vara Cívil, aos 14 de janeiro de 1910, Comarca da Cidade de Alegrete, RS, contém 6 volumes com uma totalidade de 1.441 folhas. No processo de medição judicial consta> sucessores e seus herdeiros, suas áreas detalhadas por cada herança, aquisições e transmissões por doação, compra e venda de terras, realizadas na Sesmaria de Santo Ignácio ou Isabel (...) Os requerentes da ação foram JOÃO LINO DA COSTA LEITE e sua mulher RITTA DE SOUZA BRANCO, representados por seu advogado Eurípides Brasil Milano, e outros condôminos. Foram nomeados para exercer as funções de perito agrimensor o engenheiro civil JULIO CANARIM e as funções de suplente de perito agrimensor o engenheiro geodésico SIZENANDO FERREIRA DA COSTA. Foram escolhidos e nomeados para exercer as funções de arbitradores na ação de medição, demarcação e divisão dos campos: SALUSTIANO FERREIRA DA SILVA, DIONISIO MACHADO DE OLIVEIRA, e suplentes MANOEL GONÇALVES e JOÃO GULART.

Os processos de medições, demarcações e divisões de terras não ocorreu no ritmo esperado, pois houve o falecimento do engenheiro titular Julio Canarim e do primeiro advogado dos requerentes, o major Simeão da Cunha Estellita. Os trabalhos só recomeçaram após a reunião das notas deixadas pelo falecido agrimensor e a organização dos apontamentos pelo suplente, o engenheiro geodésico Sizenando Ferreira da Costa deu continuidade ao processo.A Sesmaria de Santo Ignácio ou Isabel confina ao sul com os campos da Sucessão de Clarimundo Dornelles da Cunha. A leste limita-se com os campos de Antônio Pereira do Couto e campos dos Jobins. Ao norte limita-se com a Sesmaria de Boa Vista, pertencentes a Sérgio de Sá Dornelles, Alpheu de Sá Dornelles e Paulino de Sá Dornelles. Ao oeste com a Sesmaria do São João. Ao sul limita-se com os campos da Sesmaria do Barro.

Finalmente no dia 30 de junho de 1918 o escrivão Vergílio Guedes da Luz deu por encerrado o processo requerido por João Lino da Costa Leite e demais interessados. Nota-se que desde que a sesmeira Isabel Maria da Silva recebeu a sesmaria nunca havia sido feito nenhum trabalho de medição ou demarcação da referida sesmaria. Somente, em 1910, noventa e quatro anos após a concessão da sesmaria que iniciou-se as medições e demarcações dos campos de Santo Ignácio. Ao fim da transcrição documental foram gastos um montante de 11:594$950 réis ( onze contos, quinhentos e noventa e quatro mil e setecentos e cinquenta réis). As notas todas acham-se anexas aos autos do processo.

Os Costa Leite adquiriram o quinhão de nº 13 que possuía 1.607 hectares e que ficou assim dividido: João Lino da Costa Leite donatário de 1.502 hectares de campo e 11 hectares de mato, Paulino da Costa Leite donatário de 14 hectares de campo, Rosalina da Costa Leite donatária de 14 hectares de campo, Taudelino da Costa Leite donatário de 32 hectares de campo, Laudelino da Costa Leite donatário de 21 hectares de campo e Constantino da Costa Leite donatário de 21 hectares de campo. João Lino da Costa Leite acumulou a quantia de 1513 hectares devido a compras dos demais condôminos e recebimento de heranças por parte de sua esposa Ritta de Souza Branco. Com a morte de João Lino da Costa Leite os filhos Constantino, Taudelino, Laudelino e Rosalina receberam por herança aproximadamente 378,25 hectares nos campos de Santo Ignácio ou Isabel.

O livro Santo Ignácio ou Isabel de autoria do Costa Leite nato e bisneto de João Lino da Costa Leite, Demétrio Alves Leite vem por resgatar a história, principalmente vinculada a Família Costa Leite do Jacaquá. A presente postagem é apenas o “resumo do resumo” feito pelo Autor.


Este blog, a cada postagem, reafirma seu compromisso indelével com a cultura, a informação e a história. Não se faz história sem intimar o passado e desvendar as origens e as situações/condições nas quais se localizam os fatos e acontecimentos no tempo. Busquemos a cada dia resgatar, preservar e fomentar a divulgação de nossa história local, pois como diz o autor Demetrio, “De que me vale saber tudo de gregos e troianos se não sei quem foram meus avós”. 

Planta da Sesmaria Santo Ignácio ou Isabel
Constantino da Costa Leite 
Dionísio Machado de Oliveira - arbitrador e sogro de Constantino
Dr. Sizenando Ferreira da Costa - Engenheiro Geodésico responsável
Dr. Eurípedes Brasil Milano - Advogado no processo 



terça-feira, 22 de abril de 2014

Da série Pontos Turísticos de Alegrete: Toca da "Onça"

Nesta postagem irei falar sobre mais um Ponto Turístico de Alegrete, a Toca da Onça. Esta magnífica construção da natureza acha-se situada na localidade do Parové que integra o Durasnal, 3º subdistrito de Alegrete. A toca da onça é uma formação rochosa que contem uma fenda que só aparece quando a água para de correr sobre as pedras. A água e as pedras formam uma espécie de cachoeira. A toca encontra-se nos campos que foram de Florêncio Antônio de Araújo, acredita-se que ele foi o primeiro proprietário daquelas terras. 
Conforme registros do Arquivo Histórico de Porto Alegre a sesmaria medindo 1 légua de frente por 3 de fundo foi concedida pelo Marques de Alegrete em favor de Florêncio Antônio de Araújo no ano de 1815. Esta registrada sob número de ordem 85. Acha-se entre dois boqueirões existente na vertente e no arroio, que dividem os campos de Antônio Gonçalves Borges e Damásio Rodrigues Corrêa. Ao norte confronta com a Lagoa do Parové. Ao sul limita-se com um arroio que deságua no Ibirapuitã Mirim e divide os campos de Luiz Antunes de Moraes e os pretendidos por José de Almeida Lemos, por um banhado que atravessando a Cochilha da Estra faz forquete ao leste com os  galhos dos afluentes rio Itapeguy (Itapeví) , e ao oeste com o mesmo Ibirapuitã Mirim. 

Segundo relatos, o povo da região conta que o lugar ganhou esse nome porque  quando o  primeiro proprietário das terras, senhor Florêncio ,  ao passar pelo local notou que a cachoeira havia secado. No lugar onde o lençol d'água corria foi revelado uma enorme fenda. O local era frio e escuro. No fundo avistou uma onça que estava a devorar os cordeiros de seu rebanho. Como estava desarmando e frente aquela feroz criatura, Florêncio regressou à sua casa para trazer reforços. 

Ao regressar até o local, não encontrou nenhum sinal de presença da onça, exceto os restos dos cordeiros devorados. Desse dia em diante o lugar ficou conhecido como Toca da Onça. Existe em Alegrete outra Toca da Onça. A outra localiza-se no 2º Distrito de Passo Novo, porém não é visitável devido a existência de alguns morcegos.  A toca da onça do Passo Novo é bem diferente da que localiza-se no Parové. A do Passo Novo esta mais para Caverna do que para toca,  não se tem registros, até o presente momento, da associação do nome Toca da Onça ao local. Especula-se que seja similar ao caso do Parové.

 A Toca da Onça do Parové, é também muito utilizada pelos moradores adeptos das religiões de origem africana. Segundo eles, em meio a natureza os orixás encontram um vínculo mais familiar e podem se comunicar melhor com seus filhos. A Toca da Onça também faz parte dos atrativos turísticos de Alegrete. A Secretária de Turismo de Alegrete que quase inexiste, não move esforços que gerem resultados em prol de nossos pontos turísticos. A exemplo da Ponte de Pedra no Cerro do Tigre, vários lugares turísticos estão abandonados. O turismo rural é uma boa opção para o desenvolvimento econômico da região, porém quando necessita-se de apoio dos órgãos que deveriam ser promovedores turísticos encontra-se uma grande dificuldade de recursos e uma burocracia bem ao "estilo Brasil de ser". Confira algumas fotos e a localização no mapa. Trecho: BR -290, Km 534-35. 
Fotos: Acervo Digital de Giciéli Barúa. 











sábado, 19 de abril de 2014

Lagoa do Parové - Ponto Turístico de Alegrete, Rio Grande do sul

O historiador alegretense Antônio Augusto Fagundes sobre a Lagoa do Parové escreve: "Nas fraldas da Serra do Caverá, mas já para os lados do Alegrete, existe uma lagoa encantada, de águas mortas. Os gaúchos que passam por perto dela, à noite, muito menos acompanham às suas margens. Conta-se que salta das águas uma bola de fogo na garupa do cavaleiro que não sabe do encantamento ou que, sabendo, atreve-se a por coragem ou necessidade a passar por ali altas horas da madrugada.
Também se diz que em época de seca pode-se ver uma grossa corrente enferrujada que sai d’água, cuja ponta, que não se vê, mergulha no fundo da lagoa. Já botaram juntas e mais juntas de bois mansos para puxarem a corrente e nada! A Lagoa do Parové está lá, quieta e linda, verdadeira atração buscada por poetas e namorados, pois nasceu de uma história de amor.
Na região, nos tempos de antigamente, vivia uma tribo de Charruas, índios que foram os primeiros alegretenses. Dessa tribo, uma índia jovem e formosa era a paixão dos guerreiros, cada qual procurando fazer as façanhas mais perigosas para conquistar o seu esquivo amor.
Disque um deles, certa feita, viu na beira da lagoa um cavalo como não existia outro. Então pensou em bolear o belo animal para ofertar à sua amada o fruto da proeza. Mas – coisa estranha! – o cavalo continuava parado, no mesmo lugar, vendo que o índio se achegava. Tanto, que este guardou as boleadeiras e foi se arrimando, assobiando suavemente, falando baixinho. E vai, tirou o bocal e as rédeas de sua montaria de confiança e botou os aperos no estranho cavalo. Aí, passou para o lombo deste o couro de jaguaretê que usava para montar. Isso feito, alçou a perna e montou, de um salto.
Então sim: o cavalo disparou, desbocado, direito à lagoa. E assim como veio se atirou n’água, levantando maretas. E desapareceram para sempre cavalo e cavaleiro.
A índia amada soube da tragédia e foi chorar na beira da lagoa. Suas lágrimas amargas tornaram a lagoa salobre – Parové, na língua dos índios".
A conterrânea Izabel Trindade escreve em seu blog Izabel Tradicionalista, o seguinte sobre os índios pampeanos, especialmente os charruas que habitaram às margens da lagoa: "O grupo dos pampeanos esteve constituído pelas parcialidades dos Charruas, Minuanos, Guenoas, Yarós, Guaicurus, Chanás, Mboanes. Ocupavam o sul do RS, na região da Campanha; o sul do rio Jacuí e Ibicuí, entre os rios Quaraí, Jaguarão, Camaquã, Serra do Herval e parte sul do litoral (lagoa Mirim e Mangueira), além dos atuais territórios das Repúblicas do Uruguai e Argentina. Dentre eles, os que mais se destacaram foram minuanos e charruas.
Os Mbaias eram indivíduos altos, com costumes e hábitos diferentes dos demais e inimigos tradicionais dos índios da nação Guarani.
Os charruas eram escuros, quase negros e os minuanos eram bem mais claros. Todos falavam língua quíchua. A menina Charrua recebia listras coloridas na testa, quando entrava na puberdade e todos cortavam artelhos em sinal de luto.
Na caça, usavam boleadeiras, com a qual desenvolveram a prática de laçar, fato que explica serem eles, posteriormente, exímios cavaleiros e preadores de gado. Pescavam com rede e com flechas. Suas armas eram arco, flecha, lança, funda. Na guerra, usavam lanças e por isso foram excelentes lanceiros".
Muitos relatam que João da Silva foi abandonado na macega por um grupo de índios charruas que estavam de passagem pelo Durasnal. O senhor Balduíno da Silva Valle adotou e terminou de criar o João.. Depois de "grande" ele duelava com os Jacarés na Lagoa do Parové. Muitas vezes atravessou a lagoa a nado e gineteou nos "Cavalos Marinhos", dizem que a Lagoa tem uma conexão com o oceano e que no verão os cavalos passam por ela.
Outros relatam a existência de uma sereia. Moradores mais antigos contam como haveria nascido a sereia, segundo eles há muitos anos uma mulher, muito bela por sinal, que morava nas proximidades da lagoa ganhou um bebê.  Sempre quando alguém ia ver a recém nascida a parteira dava desculpas que a criança estava dormindo, ou estava gripada, assim sempre havia uma desculpa para evitar que as pessoas a vissem.
Numa dessas visitas, uma senhora, cujo nome não é para nossos ouvidos, avistou a parteira em fuga com a criança enrolada em panos de seda fugindo em direção da lagoa. Vendo aquela cena, a senhora seguiu a parteira até as margens da lagoa onde presenciou uma cena que nunca imaginara ver em sua vida. A parteira desenrolava os panos, fazia as últimas orações e de repente caiu por água uma criatura metade peixe, metade mulher. Sim, uma sereia, da cintura para baixo tinha escamas e caldas, e para cima era perfeita como uma mulher.
 Em estado de choque a senhora que presenciou tudo, voltou a sua casa e relatou o que viu a seu marido e filhos que voltaram as margens da lagoa para ver a sereia e nada encontraram além de panos brancos de seda espalhados pelo chão.
Reza a lenda que de tempos em tempos a sereia faz aparições a pescadores que se atiram nas águas encantados pelo seu belo canto e afogam seus amores nas águas amargas da Lagoa do Parové. Muita gente viu.
Moradores mais “antigos” da região, conhecedores da história local falam ainda de um  mangueirão de pedra que localiza-se próximo a Lagoa do Parové. Segundo eles, tal mangueira é construção dos Jesuítas. Associam aos jesuítas a construção de várias cercas de pedra da região que pertenceriam aos campos da Estância Jesuítica Santa Maria do Pillar, porém, alguns divergem visto que há indícios que nos levam a crer que tais cercas são construções portuguesas, erguida pelos escravos.
Outros tantos acreditam que no fundo da lagoa, junto com a corrente de ouro que atravessa a lagoa de margem a margem, esta o famoso tesouro da esquecida Candelária do Ibicuí.
A Lagoa do Parové esta situada na localidade do Parové, no Passo Novo, 2º Distrito de Alegrete. Possui aproximadamente 1.100 metros de comprimento e 600 metros de largura e integra a lista de locais de interesse do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Ibicuí. Suas águas são oriundas do Reservatório Aquífero Guarani, as “sobras” d’água formam um banhado que dá subsídios para a formação de um arroio, ao sul, que deságua no rio Queromana, Caverá, Ibirapuitã, Ibicuí e Uruguai.
A Lagoa do Parové é nosso patrimônio turístico e cultural. Hoje 19 de abril, dia do índio, temos que refletir sobre as circunstâncias com que foram conquistados. Somos nós os invasores desta terra que por direito são deles. Aos charruas e minuanos fica aqui meu reconhecimento, em especial à Família Kerch do Jacaquá, verdadeiros remanescentes destas tribos.

Para quem ainda não conhece a Lagoa do Parové, fica aqui o meu convite. Pegue seu mate e venha conhecer este atrativo turístico encravado no “coração do Alegrete”. Como chegar na Lagoa: acesso pela BR-290, Km 537, Estrada da Cascata, dista cerca de 5 km da BR. Confira algumas fotos. 
 Fotos: Acervo Digital de Giciéli Barúa.


Localização no mapa 






terça-feira, 15 de abril de 2014

Cerro do Potreiro - Aparições extraordinárias

Como havia dito no post sobre Cercas de Pedra, estarei agora explanando alguns relatos de aparições e visões que muitos moradores da Região do Parové, em Alegrete, particularmente vinculado ao Cerro do Potreiro ou Mangueirão. Para entender e compreender o cenário desses episódios devemos intimar a história local, voltar no tempo, mais precisamente em 1815 quando as terras do Parové foram distribuídas em sesmarias. O Cerro do Potreiro foi de diferentes donos. Inicialmente estava nas terras de Luiz Antunes de Moraes, como consta nos registros do Arquivo Histórico de Porto Alegre: 
Nome: Luiz Antunes de Moraes
Número de Ordem: 24
Ano: 1815
Concessor: Marquês de Alegrete
Extensão: 3/4 légua de frente, 2 de fundo
Confrontações: Campos na fronteira do Rio Pardo, nos galhos do Ibirapuitã Chico terminando ao rumo noroeste por um galho do mesmo Ibirapuitã, e o campo povoado por Florêncio Antônio de Araújo.
Ao sul: pelo banhado que faz confluência com o Ibirapuitã e com os campos pretendidos por José Rodrigues da Rosa. Confrontam:
Ao oeste: onde fazem fundos com o mencionado arroio.
Ao leste: terminam em uns cerros de campos que fazem uma quebrada e separam o campo requerido por Albino Pereira de Lima.
Os galhos do Ibirapuitã eram o que hoje é conhecido por Arroio Estiva e Arroio Queromana que desaguam no Ibirapuitã Chico (Arroio Caverá). Após a morte de Luiz Antunes de Moraes houve uma divisão de campos entre os herdeiros e outros tantos venderam seus quinhões de terras. Um fator importante para a mudança de sobrenomes dos proprietários atuais das terras foram os casamentos consumados entre as filhas de Luiz Antunes com os Severo que possuíam campos no outro lado do Arroio Caverá. Também houve a "chegada" dos Mendonça, Pedroso, e Ribeiro. Os Ribeiro que descendem na região de Ismael José Ribeiro adquiriram terras por meio de compra e casamentos. Segundo informações de Samuel Martens, os Ribeiro assentaram-se no local em entre 1850/80, possuindo uma quantia significativa de terras, aproximadamente 1 légua de frente por 2 de fundo, estendendo-se por toda a margem do Arroio Queromana.
O Cerro do Potreiro recebe este nome porque havia em seu topo uma grande mangueira/potreiro de pedra onde o gado era recolutado para que se fizessem o aparte para a venda ou consumo. Há quem diga que durante as invasões castelhanas o mangueirão era usado pelos portugueses para prender os hermanos. Na saída da mangueira ficava um carrasco com uma espada na mão fazendo a seguinte pergunta: "pau ou pausito?", quem dissesse pausito era degolado pois evidenciava que era castelhano. Outros moradores também contam que em cima do cerro muitos escravos eram castigados por seus senhores. Outros até contam que há um grande enterro de dinheiro, várias moedas de ouro acham-se enterradas nos escombros do velho mangueirão de pedra.
Mas o fato que mais chama a atenção é a aparição de noivas que caminham para o entrar do sol e bolas de fogo que "cai" do céu em cima do cerro. Muitos juram de "pé trancado" que viram tais aparições e que estas são verídicas.
Tudo que a gente ouve ou lê a respeito do lendário Cerro do Potreiro é muito fascinante. São relatos surpreendentes que fazem parte da nossa cultura local. O causo contado nos galpões já não é tão costumeiro como antes, este é um aspecto do folclore gaúcho que esta desaparecendo.  Devemos batalhar para preservar os causos que eram contados nas rodas de mate, resgatar o papel do chasqueiro que era o indivíduo responsável pela transmissão dos chasques, contos e causos gauchescos.
Quem não conhece o Cerro do Potreiro deveria conhecer. A vista é muito linda, recompensa o esforço da escalada. Localização: BR - 290 Km 537, Alegrete, Rio Grande do Sul. Coordenadas para Cerro do Potreiro:  W55°21'45.98"  S30°1'52.24" .Confira algumas fotos.

 Localização in Map











domingo, 13 de abril de 2014

26º Entrevero Cultural de Peão Farroupilha

Ocorreu nos dias 10,11 e 12 de abril do corrente ano o 26º Entrevero Cultural de Peão Farroupilha na cidade Giruá, Rio Grande do Sul. O evento foi promovido pelo MTG - RS (Movimento Tradicionalista Gaúcho) e pelo CTG (Centro de Tradições Gaúchas) Querência Crioula. O entrevero, conclama jovens das categorias peão e guri de todas  as Regiões Tradicionalistas (RT) filiadas ao MTG - RS a esboçarem suas qualidades artísticas, culturais e campeiras em defesa do tão almejado título de Guri e Peão Farroupilha do Rio Grande do Sul. O mandato tem a duração de um ano. A 4ª Região Tradicionalista integrada pelos municípios de Alegrete, Uruguaiana, Quaraí e Barra do Quaraí esteve presente no 26º Entrevero através da participação do Peão Gregório Pizzuti e do Guri Richard Kerch Lopes,  do CTG Amizade de Vasco Alves, Alegrete. O Próximo entreveiro sera realizado em 2015 na cidade de Marau - RS, cidade natal do atual Peão Farroupilha consagrado na madrugada deste domingo.
Foram concorrentes no 26º Entrevero:
Categoria Guri: 
 
Andrei Righi Seixas - 13ªRT 
 Leonardo Gustavo Fin Zemolin - 3ªRT
 Bruno Aldrigui Silveira - 21ªRT
 Gustavo Henrique dos Santos - 9ªRT
 Luan Eninger Costa - 22ªRT
 Lúcio Heleno Trombetta - 28ªRT
 Luiz Cassol Ferrigo - 11ªRT
 Vitor Henrique dos S. Cardos - 12ªRT
 Ramiro Grethe Bregles - 17ªRT
 Matheus Dias Louzada - 6ªRT
 Richard Kerch Lopes - 4ªRT
 Kelvyn Eduardo Krug -7ªRT
 Giulio Ariel Menin - 20ªRT.


Categoria Peão: 
 Lucas Rapo de Oliveira - 5ª RT
 Jhonatan Leindecker - 15ª
 Juliano Machado - 20ª RT
 Gregório Correa Junior - 4ª RT
 Ramon Tlader- 22ª RT
 Felipe Sool- 18ª RT
 Estevan Trombetta Kuntzer - 9 ª RT
 Gustavo Leal de Melo - 3ª RT
 Gregory Gonçalves - 11ª RT
 Fábio Paloschi  - 28ª RT
 Lucas Almeida de Oliveira - 1ª RT
 Allan Lopes - 6ª RT
 Lucas Henrique Xavier - 7ª RT.


Confira o resultado oficial.
Categoria Guri:

Guri Farroupilha do RS - Andrei Righi Seixas - 13ª RT

2º Guri Farroupilha do RS - Gustavo Henrique dos Santos - 9ª RT
3º Guri Farroupilha do RS - Giulio Ariel Menin - 20ª RT.


Categoria Peão: 

Peão Farroupilha do RS - Lucas Henrique Xavier - 7ª RT
2º Peão Farroupilha do RS - Gustavo Taynã Leal de Melo - 3ª RT 

3º Peão Farroupilha do RS - Gregory Gonçalves - 11ª RT.



Conheça o Peão e Guri do Rio Grande do Sul: 

Peão Farroupilha do RS: Lucas Henrique Xavier - 7ª RT 

Guri Farroupilha do RS:Andrei Righi Seixas - 13ª RT

sábado, 12 de abril de 2014

Conto: A noiva da torre

Parte I
ACTO I

Corria o ano de 1922, a cidade toda estava alvoroçada. Corriam rumores nos quatro cantos do Alegrete de um grande casamento. Os noivos, muito distintos, de famílias nobres e valorosas resolveram unir seus brasões tal qual Aragão e Castela. Ele o nubente pertencia a estirpe açoriana, moço de grandes posses, suas terras estendiam-se pelas margens do Itapeguy que outrora fora do Couto Rico. Ela, uma linda jovem descendente de bravos e aguerridos italianos, sabia todas as prendas da casa e possuía um conhecimento invejável debatia de igual para igual com mestres e doutores. Pra via de regra, toda a região estava convidada para a cerimônia.
Lá no Itapeguy o noivo abatia duas novilhas e um porco que foi cachaço mas já castrado a mais de mês. A família do noivo ajudaria com as bebidas, a carne e as linguiças para o churrasco ao passo que a noiva colaboraria com os doces, saladas e o espaço para a realização dos comes e bebes. Estava tudo preparado, todos convidados, uma lista com mais de 2000 nomes, o vigário disse que não caberia tanta gente em sua igreja. Tudo estava nos trinques, vestido de noiva pronto, flor de laranjeira, véu e grinalda devidamente arrumados. A data já foi decidida, seria para o próximo dia 7 de abril data em que teria nascido o patriarca da família do nubente.

ACTO II

Era chegada a data tão esperada. A praça foi fechada para o publico, apenas deslumbrantes carruagens estacionavam ao redor dela. Era gente de todo o Alegrete, as mais distintas família reunidas na Igreja Matriz confraternizavam, colocavam a conversa em dia, discutiam heranças e até apostas de carreira e tava. A Igreja estava lotada, o vigário nunca tinha celebrado um casório com tanta gente assim, ele estava temeroso em errar alguma parte e passar vergonha na frente do Arcebispo de Porto Alegre que se fazia presente já que este era tio do noivo.
Na entrada lateral da Igreja o tumulto era grande, havia o desfecho uma discussão entre dois estancieiros do Queromana, o motivo era os inventários dos campos do finado Luiz Antunes de Moraes Filho, um alegava ter sido logrado pelo outro. Um dizia que a ele havia tocado só mato e cerro ao passo que para o outro o banhado e a cochila. O arranca toco era grande, puxaram armas brancas, quase que teve um embate de espadas se não fosse a intervenção da viúva Maria que ameaçou os exaltados com uma garrucha que ela portava debaixo da saia presa junto a bombachinha.
Em altas, de uma lado para o outro encontrava-se o noivo no altar acompanhado de sua mãe e padrinhos. A coisa estava por demais atrasada. O nubente temia que a doce amada o deixasse na espera eterna, porque ele mesmo jurou a ela se não casasse com ela não casaria nunca mais. Para executar a marcha nupcial foi contrata uma banda da capital, indicada pelo arcebispo. Os bacudos estavam espantados pois nunca haviam visto tamanho luxo antes. A igreja decorada a capricho como se fosse receber o Imperador ou o Presidente. Todos estavam a espera da noiva.

ACTO III

De um instante inesperado os sinos badalarão no alto da torre, a marcha irrompe entre o murmurio do povo, a noiva silente e doce adentra a igreja e desfila pelo belo tapete vermelho digno de uma imperatriz. Pelos aripiados, coração dispara no peito e para delírio da plateia o noivo desmaia no altar. Foi um Deus me acuda, mas graças as preces incessantes do padre o noivo volta a sua lucidez. A noiva que havia parado na entrada continua a desfilar acompanhada de seu pai, ao passo que se aproxima do altar o coração fica cada vez mais pulsante, parece que carrega no peito um panela cheia de pipocas em plena rebelião.
Chega até o altar, o noivo a toma e jura cuidar bem dela ao futuro sogro. Trocam olhares de amor, ele a conduz até o altar-mor onde o vigário aguardava ansioso e já meio enxaguado visto que o nervosismo o fez beber o vinho da missa de domingo. Conduz, o vigário, com toda as regras da Igreja Romana os tramites da celebração, ele fez tudo bem feito, havia ensaiado a meses desde que se teve notícia do namoro dos noivos. O padre começa com uma linda pregação, depois avança para a troca das alianças e promessas mutuas, posterior a isso ele faz a pergunta derradeira: "Se alguém aqui tem algo a dizer que possa impedir esta união.... fale agora ou cale-se para sempre". O silêncio era total, a igreja toda, pela primeira vez, encontrava-se quieta. Parecia que não havia nenhum impedimento. Parecia....

ACTO IV

O silêncio foi quebrado. Adentrou a igreja acompanhado de um turbilhão de palavras de ordem, batidas de bota no piso, tinir de chilenas na sala um gaúcho de veras capitão. Era um moço novo, regulava de idade com a noiva. Firminêncio Antônio José de Vargas, neto do sesmeiro. O capitãozinho reclamava o direito de casar-se com a noiva visto que ele já havia namorado anteriormente com ela e que o casamento estava até marcado, ela havia sido prometida a ele mas que seus pais haviam brigado por conta de alguns ex escravos que se meteram em brigas na bolicho do Tinhoco.
Mas a verdade é que a noiva ainda nutria um sentimento especial pelo Firminêncio, ele foi seu primeiro amor. O noivo sabia que sua mada ainda o amava, tanto foi que propôs uma solução para o episódio. Desafiou o jovem capitão para um duelo de espadas, iriam duelar pelo coração de Jussara. Quem ganhasse o embate casaria com a noiva.
Então pegaram as espadas paroquiais, sim o vigário tinha duas espadas estupendas que eram da paróquia, e foram-se para o centro da praça. Logo que saíram da igreja uma multidão de curiosos seguiu como uma mancha até de fronte ao Manequinho! Mas os duelantes optaram por pelejar solito sem plateia, ordenaram que todos voltassem para a igreja e esperassem pela chegada do vencedor. O padre logo convocou as beatas para rezarem um terço, e cobrava alguma atitude da família da noiva. O pai da noiva já havia lavado as mãos em água benta, disse que não faria nada e que o problema não era dele mas sim do Atilano e do capitão.

ACTO V

Os dois começaram o fatal embate, apenas serviu de testemunha ocular o Manequinho, espadas cruzavam-se no ar liberando o fatídico fogo do aço. A peleia era grongueira, só ouvia-se de la da igreja o tinir das laminas. Ninguém poderia apartar aquela briga tenebrosa, a aposta era o coração da doce noiva.
A noiva já em pandarecos resolveu dar um basta em tudo isso. Aconteceu que ela subiu no ponto mais alto da torre e gritou aos quatro ventos que iria cometer suicídio se a briga não sessasse. Os dois no mesmo momento ficaram perplexos, não acreditavam no que estavam vendo. Como que ela conseguira subir tão alto e de vestido, foi uma escalada árdua pelo exterior da nave central.
O vigário farto desta situação e pretendendo lavar a honra de sua celebração pegou a garrucha paroquial, a bíblia e a cruz e foi até a praça apartar o mosquedo e aproveitar para impressionar o arcebispo aplicando um grande sermão nos jovens exaltados, incluindo a noiva da torre. Logo chegou o padre no centro da praça e deparou-se com os combatentes parados, tentando impedir o ato de suicídio da nubente.
Mas parece que a noiva conseguiu acabar com a briga, teria ela agora que decidir com quem casar. Casaria-se com seu primeiro amor? Ou render-se-ia a uma nova paixão? O que você acha? Confira no Livro II este grande desfecho!!!

A NOIVA DA TORRE - Parte II 
Relembrando:


ACTO V
A noiva já em pandarecos resolveu dar um basta em tudo isso. Aconteceu que ela subiu no ponto mais alto da torre e gritou aos quatro ventos que iria cometer suicídio se a briga não sessasse. Os dois no mesmo momento ficaram perplexos, não acreditavam no que estavam vendo. Como que ela conseguira subir tão alto e de vestido, foi uma escalada árdua pelo exterior da nave central.
O vigário farto desta situação e pretendendo lavar a honra de sua celebração pegou a garrucha paroquial, a bíblia e a cruz e foi até a praça apartar o mosquedo e aproveitar para impressionar o arcebispo aplicando um grande sermão nos jovens exaltados, incluindo a noiva da torre. Logo chegou o padre no centro da praça e deparou-se com os combatentes parados, tentando impedir o ato de suicídio da nubente.
Mas parece que a noiva conseguiu acabar com a briga, teria ela agora que decidir com quem casar. Casaria-se com seu primeiro amor? Ou render-se-ia a uma nova paixão? O que você acha? Confira no Livro II este grande desfecho!!!
ACTO I
FIM



Os dois começaram o fatal embate, apenas serviu de testemunha ocular o Manequinho, espadas cruzavam-se no ar liberando o fatídico fogo do aço. A peleia era grongueira, só ouvia-se de la da igreja o tinir das laminas. Ninguém poderia apartar aquela briga tenebrosa, a aposta era o coração da doce noiva.
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O vigário farto desta situação e pretendendo lavar a honra de sua celebração pegou a garrucha paroquial, a bíblia e a cruz e foi até a praça apartar o mosquedo e aproveitar para impressionar o arcebispo aplicando um grande sermão nos jovens exaltados, incluindo a noiva da torre. Logo chegou o padre no centro da praça e deparou-se com os combatentes parados, tentando impedir o ato de suicídio da nubente.
Os noivos, é pois agora parece que temos 2 noivos, saíram em disparada rumo a igreja deixando o vigário no vazio a admirar o manquinho. Chegam na escada que da acesso a torre mas antes que eles subam o padre adentra pela porta frontal da igreja enfurecido, com sangue nos olhos e parte com bíblia e tudo para cima dos noivos. Acidentalmente o padre é ferido pelo fio de uma das espadas. Quem matou o padre? Ora pois foi o Firminêncio. A viúva Maria, que tinha apartado a briga na lateral da Igreja, ela aos prantos foi até o corpo do padre agonizando no chão, ao lado pegou a cruz e deu uns tabefe no seu filho Ferminêncio. Filho aliás que não era do seu finado marido, mas sim do vigário. Sim, Ferminêncio acabara de matara seu pai, mas que diacho ele mesmo não sabia que era filho do padre. Mas é como diz o ditado, não adianta chorar pelo leite derramado!

ACTO II

A velha viúva esta possessa. Se bem que ela não esta de posse de suas sanidades mentais, isso deve-se a trágica morte de seu marido. Mas ninguém naquele igreja, nem o bispo poderia imaginar o que a viúva Maria ia fazer. Sim, ela esta completamente louca. Buscava culpados para todo aquele episódio, estava disposta a cometer uma chacina na igreja. E cometeu.
A viúva louca, pegou a sua arma que carregava debaixo de suas vestes, engatilhou e matou friamente seu filho Firminêncio, o noivo Atilano e depois se matou. Santos, Alegrete nunca tinha visto uma tragédia destas. A igreja estava lotada mas aos poucos os populares iam saindo, providenciando os funerais e avisando as autoridades policias. A policia não havia se manifestado, o delegado entendeu que era apenas uma discussão de família, não havendo motivos para a interferência militar.

ACTO III

A noiva, desce assustada da torre. Completamente desolada com o que vê na frente de seus olhos. Nem faz questão de ir para casa ou procurar seus pais, ela chorando sai pela cidade em uma maratona e acaba se atirando da ponte do trem. Uma verdadeira tragédia grega. O bispo, tio do Atilano fica completamente escandalizado com o que presenciou. Em um momento de fraqueza resolve ir até o bolicho mais perto para tomar uma cachaça pura, das boas que só tem no Alegrete.
Sorvendo o suco da cana, ele recorda seus tempos de juventude quando era um moço novo e não havia entrado para o seminário. Em um vai e vem de lembranças e sentimentos ele se lembra da linda Anna, dos tempos que namoraram e da traição dela que ficou gravida do seu melhor a migo Manuel. Em virtude da gravidez Anna casou-se com Manuel e ele foi para o seminário.
Anna, após o casamento teve uma linda filha, a doce Jussara, a nossa noiva que cometeu suicídio na ponte do trem. Mas o bispo mais tarde soube que Jussara era sua filha e não do Manuel. Agora ele tinha perdido uma filha e um sobrinho. Estava bêbado, afogado nas lembranças, eis pois que resolve ir até a casa da Anna a fim de contar para o Manuel que a Jussara era filha dele e que eles foram enganados pela Anna.

ACTO IV

Completamente bêbado e fora de si, o bispo chega na casa do Manuel. Anna estava muito desolada e Manuel a espera do resgate do corpo da filha das águas do Ibirapuitã. Sem nem um boa tarde se quer o bispo larga as palavras calando, diretas e retas com uma frieza nunca dantes vista. Manuel se exalta e questiona Anna a cerca do que o bispo esta falando.
Anna chora, não diz nada, apenas chora. Manuel entende que havia sido traído, havia criado uma unica filha e que não era sua. Enfurecido pega a espada que trás exposta na sala, acima do brasão da família perto da lareira e perfura o ventre mentiroso de Anna. Logo Anna sucumbe e esvaída em sangue agoniza até a morte.
Manuel não deseja perdoar ninguém, perfura também o peito do bispo que embriagado não demonstra reação, cai no tapete vermelho da sala e more. Logo alucinado Manuel vai até o quarto dos fundos, pega uma corda e a amarra em seu pescoço. Depois põe um banco e sobe, ata a corda no caibro da casa e joga-se do banco. Em instantes, falta-lhe o ar, sufocado morre enforcado.
Considerações:
Enfim, um final trágico. Um episódio que tinha tudo para ser um lindo enlace acaba em uma fatal tragédia. Todos mortos! Restou apenas os observadores populares, os convidados e os curiosos como eu que tratei de registrar essa história incrível e surpreendente.
Todos mortos, todos vivos? Todos são, ou tudo é? O que sobra é a lembrança de um dia em que Alegrete chorou mais do que as águas do Ibirapuitã. Um trágico dia marcado na história e na memória de alguns que lembram-se deste dia inesquecível como a dia da Noiva da Torre! 

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