quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Museu do Gaúcho e Memorial de Alegrete Icaro Ferreira da Costa

O Museu do Gaúcho e Memorial de Alegrete Icaro Ferreira da Costa foi inaugurado em 31 de março de 2004 na gestão do então Prefeito Municipal José Rubens Pillar. Encontra-se localizado nas dependências do antigo Aeroporto Municipal anexado ao Arquivo Histórico Municipal de Alegrete Miguel Jacques Trindade. Atualmente, o Museu encontra-se sob a responsabilidade do professor Jefferson Costa Leite (assim gosta de ser chamado).
Em seu acervo, o museu abriga quadros, painéis, trajes de época, cerâmicas indígenas, maquinários, utensílios domésticos e de trabalho ambos relativos à história do Rio Grande do Sul e de Alegrete. Para entendermos melhor os propósitos do museu temos que intimar o seu nome, o homenageado Icaro Ferreira da Costa. Vamos fazer uma análise bibliográfica do perfil do individuo.
Icaro Ferreira da Costa – pecuarista membro de uma família tradicional da fronteira gaúcha nasceu em 02 de março de 1915 em Alegrete/RS. Faleceu em 02 de outubro de 1977 em uma tarde de primavera. Cursou o Ginásio em Santa Maria/RS, desde sedo recebeu valores de tradição, honra e civismo galgados nas coxilhas do Lageadinho localidade pertencente ao 3º subdistrito de Alegrete Durasnal onde viveu desde os seus 15 anos de idade. Tornou-se um gaúcho autêntico, tradicionalista exemplar. No senário rio-grandense foi um dos mais notáveis representantes da estirpe gaúcha, lembrado pelas suas “tiradas gauchescas” e pelas respostas inteligentes que dava ao pé da letra.  Era um gaúcho de alma e coração, sempre lutou pela nossa cultura.
Em 1954 participou ativamente da fundação do CTG mais antigo de Alegrete, o Centro Farroupilha de Tradições Gaúchas – CFTG assim denominado pelos próprios fundadores – do qual foi seu patrão nos anos de 1960 e 1961, foi capataz por várias vezes. Participou em meados de 1961 do Rodeio de Vacaria de onde trouxe o título de Gaúcho Mais Autêntico do Rio Grande do Sul. Recebeu uma homenagem póstuma, foi conferido aos familiares o prêmio ao Melhor Gaúcho, do então prefeito Adão Ortiz Houayek em 20 de setembro de 1996.
Após sua morte uma sequência de homenagens foram se desdobrando. Em 03 de setembro de 1978 foi fundado o PQT Icaro Ferreira da Costa.
Em seguida, em 1981 foi inaugurada a Rua Icaro Ferreira da Costa, localizada no Bairro Jardim Planalto em Alegrete.
Em 1986, muitas homenagens foram-lhe prestadas pelo Coordenador da 4ª Região Tradicionalista e Coordenador da Semana Farroupilha, Dr. Eli Simon.
Em 1987, a Diretoria do CTG Lanceiros de Canabarro o elegeu Patrono de seu CTG. Em 02 de setembro de 1989, a estrada municipal ALE-458, no trecho compreendido entre a linha férrea Alegrete-Uruguaiana, próximo a Estação do Guassu-Boi, passou a se denominar Estrada Municipal Icaro Ferreira da Costa.
No dia 23 de janeiro de 1994, por ocasião da XV Campereada Internacional, mais uma homenagem foi prestada - um troféu em seu nome - o qual foi conferido ao CTG Nico Dorneles de Passo Novo, por ocasião de ser o CTG que mais ganhou prêmios naquele ano.

Assim, com esta análise podemos compreender o propósito do Museu e que sua razão de ser e estar no tempo não são vagas. Ser porque é um arauto da cultura regional cravado na pampa gaúcha, estar, pois abriga em seu seio um acervo riquíssimo de valor inestimado para a sociedade alegretense. A importância deste museu reflete marcante presença de nossa cidade no senário histórico do Rio Grande do Sul ao longo dos séculos. Nossa gente, nosso povo se faz patrício a cada mescla de valores e memórias.

Vocabulário
CTG: Centro de Tradições Gaúchas, vinculado ao Movimento Tradicionalista Gaúcho - MTG/RS
PQT: Piquete de cavalarianos para a guerra, uma formação muito utilizada da Revolução Farroupilha (1835-1845) e nas revoltas federalistas de 1893 e 1923.  

Acervo do Museu. Algumas peças. 

































quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Dentre os mistérios dos sete mares eis que emerge das névoas do atlântico... Mary Celeste, O Navio Fantasma

Um dos mistérios mais intrigantes dos sete mares, algo que nem os melhores historiadores desvendaram, Mary Celeste era uma embarcação de mais de 300 toneladas que em 1869 após vários acidentes foi vendido para um mercador nova-iorquino James H. Winchester por pouco mais de 11 mil dólares. Até que, em 1872 algo muito estranho aconteceu.
            No dia 7 de novembro de 1872 o Mary Celeste e sua tripulação que estavam sob comando do experiente capitão Benjamin Briggs zarparam do porto de Nova Iorque rumo à Itália. No ato o navio carregava uma valiosíssima carga de barris de álcool industrial. A bordo do Mary Celeste estava uma tripulação de grande variedade étnica.
            Benjamim Briggs, capitão da embarcação, cidadão americano de 36 anos. O 1º Oficial, o americano senhor Albert C. Richardson jovem de 28 anos. O senhor Andrew Gilling, 25 anos, 2º Oficial de nacionalidade dinamarquesa. O jovem cozinheiro americano Edward W. Head de 23 anos de idade. O marinheiro alemão, de 29 anos, o senhor Volkert Lorenson. O neerlandês, marinheiro Arian Martens de 35 anos. O senhor Boy Lorenson, marinheiro alemão de 23 anos. E, o também marinheiro alemão Gotlieb Gondeschall de 23 anos de idade.
            O navio ainda contava com duas passageiras, a esposa do capitão Sarah Elizabeth Briggs (31 anos deidade) e sua filha Sophia Matilda Briggs de apenas dois anos de idade. No dia 5 de dezembro daquele mesmo ano, a quase 600 quilômetros da costa portuguesa, os marinheiros de um navio mercante chamado Dei Gratia avistaram o Mary Celeste próximo ao arquipélago dos açores a mercê das aguas do atlântico. Após calorosas conversas os marinheiros comungaram da mesma ideia, resolveram avisar o capitão David Morehouse, que ficou bastante preocupado, pois o capitão Briggs era seu amigo e pelos seus cálculos Mary Celeste já devia ter aportado na Itália.




            O capitão David então ordenou que sua tripulação cercasse cautelosamente o Mary Celeste, quando chegaram perto da embarcação eles aguardaram cerca 2 horas tentando comunicação com a tripulação. O navio não apresentava sinais de ataques nem de panes mecânicas e parecia estar vazio. A tripulação havia sumido? Tinha sido sequestrada por piratas ou sereias? Ou foram raptados por extras terrestres?
            Seguido de algumas horas o capitão David ordenou que parte de sua tripulação fosse averiguar o que havia ocorrido com o navio de seu saudoso amigo capitão Briggs. Após algumas horas, os marinheiros voltaram ao Dei Gratia alegando que Mary Celeste estava vazio. Não havia sinais de luta ou violência e a embarcação estava deserta a não ser pela presença da valiosa carga barris de álcool que estavam intactos, o que descartava o ataque de piratas.
            O único bote salva-vidas do navio não se encontrava a bordo do Mary Celeste e as comidas e bebidas ainda estavam intactos estocados no porão. Objetos pessoais da tripulação também foram encontrados intactos, havia joias, roupas, sapatos, o diário de bordo do capitão e uma navalha de barbear ainda com espuma. O diário do capitão não relatava nenhuma instabilidade no tempo bem como nenhuma ação inesperada. Seu ultimo registro foi escrito no final de novembro a 160 quilômetros de Açores.
            Dei Gratia rebocou o Mary Celeste até o estreito de Gibraltar uma separação natural entre África e Europa território que encontra-se sob domínio do Reino Unido. Passaram-se algum tempo e a embarcação foi vendida mais uma vez e usada por 12 anos. Seu último destino foi as águas do Caribe, quando GC Parker, um mercador, carregou a embarcação de lixo afirmando que se tratava de uma preciosa carga e tentou afundar a embarcação ao joga-la contra um recife. Entrementes, o Mary Celeste não naufragou. Antecedendo a sua prisão Parker alucinadamente empreitou uma fracassada tentativa de incendiar a embarcação. Ates de chegar ao tribunal Parker morreu de um enfarto fulminante.  

            De todos os mistérios da terra e dos sete mares sabemos que este é um dos mais intrigantes. Varias perguntas circulam em nossa mente, até os maiores pesquisadores tentaram desvendar os segredos do Mary Celeste, porém não tiveram sucesso. Neste contexto abre-se o imaginário social do povo, a embarcação é conhecida como Navio Fantasma e atualmente ajuda a enriquecer as lendas e mitos dos mares caribenhos, pois já que este descansa solenemente debruçado sobre as águas cristalinas do Caribe. 



sábado, 24 de agosto de 2013

Cultura Gaúcha - Polca de Relação

Sabemos que para o Rio Grande do sul, vieram imigrantes Alemães, trazendo em suas bagagens Valsas, polcas e Schotish ( xote), que, com a mescla das culturas locais adquiriram características regionais. Segundo Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, na obra Danças e Andanças da Tradição Gaúcha, a polca foi uma dança muito viva e muito alegre, semelhante aos giros rápidos da Valsa. A polca apresentou variações em sua denominação e execução, tais como: Arrasta-pé, Gasta Sola ou Serrote, quando os passos de marcha eram realizados ao som de uma polca, um passo para cada tempo musical. Devido as diferentes características regionais o gaúcho adaptou à polca algumas brincadeiras de salão, como a polca de relação (meia canha). Nos dias atuais, encontramos pares realizando, ao som de uma polca, tanto passos de marcha quanto passos de polca. Ritmo binário 2/4: O par, enlaçado como na valsa, realiza passos de polca geralmente saltitados devido à rapidez da melodia, ou ainda através de passos de marcha arrastados. 
A polca da relação era dançada nos famosos Bailes de Campanha, também conhecido como Baile de Rancho. A polca era como um divertimento para os moradores da campanha já que estes encontravam-se distantes do povo (cidade). Esta dança era executada em pares, como na valsa, porém tinha um grande diferencial. Ao final dança os pares, um de cada vez, deslocavam-se até o centro onde diziam alguns versos um para o outro. Vejamos alguns versos de autoria de José Itajaú Oleques Teixeira 
                                                                                          
Peão:                                                                
Eu cansei meus dois cavalos,
para chegar até aqui,                                                                      
só pra dizer que te gosto
desde os tempos de guri!
Prenda:
Coitado dos teus beiçudos,
e coitadinho de ti,
pois eu sei que não te gosto
desde o dia em que nasci!
Peão:
Quando eu te conheci
soube logo que eras minha;
meu rancho será teu castelo
e tu a minha rainha!
Prenda:
Quando tu me conhecestes
era uma noite de lua;
nas estrelas vi escrito
que eu nasci para ser tua!
Peão:
Toda vez que eu te vejo
perco minha voz e o jeito:
meu coração corcoveia,
saltando fora do peito!
Prenda:
Cuidado nunca é demais
com olhos e coração;
é bom tu ires ao médico,
pra baixar essa pressão!
Peão:
O meu pai te quer pra nora,
minha mãe ser tua sogra;
tu até que é bonitinha,
mas tua velha é uma cobra!
Prenda:
É bom que avises os teus:
gosto de boi e de vaca;
mas tenho nojo de sorro
e medo de jararaca!
Peão:
Eu entrei pr’o CTG
e aprendi a dançar,
só para ser o teu par
e poder te namorar!
Prenda:
Quando da primeira vez,
no ensaio da Invernada,
que eu peguei a tua mão,
já fiquei apaixonada!
Peão:
Felicidade foi muita,
alegria não foi pouca,
quando na Chimarrita
quase beijei tua boca!
Prenda:
Felicidade foi grande
no momento em que senti
terminar a Chimarrita
e separar-me de ti!

Peão:
Barbaridade, chinoca!
Sou um peão que campereia;
mas nunca antes eu vi
tanta prenda, assim, tão feia!
Prenda:
Mas que tal o índio velho,
metido a gaúcho largado?
Cuidado ao olhares no espelho,
pra não ficar assustado!

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

22 de agosto dia Mundial do Folclore

Só para não deixar esta data tão importante passar em branco. Nosso folclore é rico e versatil de norte a sul do Brasil vemos varias manifestações culturais alternativas. Herdamos de nossos colonos a forma lúcida e brincalhona de viver a vida. As manifestações culturais que difundem a cultura ao reodor do mundo relatam anos de evolução cultural, desde os primordios até os dias atuais a cultura em si vem evoluindo. A cada traço de história renasce em canções, contos lendas e mitos a trajetoria de um povo sobre a terra.
As manifestações culturais nada mais são do que o resultado de suceções de acontecimentos históricos, a sobreposição de uma cultura sobre a outra. As culturas nativas do ocidente, principlammete das Américas sofreram uma grande onda de submissão às culturas de linha Greco-Romana. O folclore é imutavel, indelevel e inalienavel a sociedade.
Feliz dia do Folclore!

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Linhas maquiavélicas

Nascido em Florença  na Itália, Maquiavel exerceu grande influência politica eternizada em sua obra " O Príncipe". Sua concepção do que é política  pregava um modelo de instrumentalização do poder. Por gerações sua obra foi criticada, porém, utilizada pelos políticos ao longo dos anos. 
Sua filosofia baseava-se em um modelo constituído na conquista e na manutenção do poder. O desejo de Maquiavel não visava agraciar o modelo utópico grego - a busca por uma sociedade ideal -  mas, sim, fazendo uso da "virtù" para chegar ao poder. 
A política planejada por Maquiavel constituía-se no uso da "virtù". Mas, o que é virtù? Virtù é a habilidade de adaptar-se às situações manuseando de armas como a astucia, a mentira e até mesmo a violência, desprezando o modelo ético da antiga Grécia. 
Atualmente sua filosofia política vem sendo livro de cabeceira de muitos políticos. Apesar de seu modelo ser um tanto quanto anti-ético, é bastante difundido entre os políticos contemporâneos que, outrora questionam, mas, ao mesmo tempo, fazem uso do mesmo.
Compreender as ideia de Maquiavel se torna indispensável frente a uma sociedade cada vez mais competitiva e desumana. Sabemos que a maioria dos políticos utilizam o modelo de Maquiavel como fonte de inspiração para a sua carreira política. 
Os exemplos de politicagem hoje enumerados evidenciam um método no qual a corrupção é imposta e os fins justificam os meios provando que para chegar ao poder não são considerados valores éticos, mas sim, apenas a conquista do poder.
Portanto, após 500 anos as ideias apresentadas são vistas como um modelo ético e peculiar, servindo de inspiração para quem almeja ser um líder político grandioso.   
Texto produzido por:

sábado, 17 de agosto de 2013

Lendário João da Silva

 Figura lendária de nosso município conhecido por suas proezas que vão desde domar touro brabo a ginetear os jacarés que roubavam o sabão das lavadeiras da Lagoa do Parové.
Mesmo não tendo feito carreira militar João da Silva foi honrado na revolução de 1923(por serviços prestados) com o titulo bélico de capitão, Capitão João da Silva Vale.
            Filho de família tradicional do Durasnal, João da Silva era um homem alto, forte e de caráter típico de sua época tinha um bigode lusitano que impunha medo e respeito.
            João da Silva era casado com Dona Silvérinha (primeira esposa), viuvou muito sedo e quando sentia saudades de sua amada ia até a sepultura de Silverinha tocar “umas marca” para ela, dentre os ritmos de seu repertório estavam a vaneirinha, a milonga, a valsa, o xote e um tango bem apaixonado: “La cumparsita”. Mais tarde casou-se com Dona Jurinha, que o matou envenenado.
            Sempre quando ia a cidade com seus filhos, dava uma passadinha na casa de seu irmão Adelino da Silva Vale para com ele matear e tomar o café da manha e só depois sair pelas ruas e praças contando seus causos e proezas.
            João da Silva também era muito conhecido por suas façanhas. Podemos aqui citar as peleias travada entre João da Silva e os jacarés da lagoa do Parové, segundo relatos João da Silva era chamado pelas lavadeiras para caçar os jacarés já que estes costumavam roubar o sabão das lavadeiras enquanto elas proseavam a beira d’agua.
Contam ainda que ele chegava de peito aberto gritando com os jacarés que já iam disparando largando-se por agua e João da Silva todo valente cortejava as lavadeiras gineteando os jacarés.
            Destacam-se também os duelos amargados com os touros bravos pelas estancias, relatos dizem que João da Silva agarrava a unha os touros e os derrubava engrandecendo assim sua fama de homem valente e destemido que já se espalhará por todo o rincão. 

            O Capitão João da Silva Vale e sua amada Silvérinha encontram-se sepultados nas terras da Fazenda Tabatinga, no Parové, um ao lado do outro, em túmulos, guardado pelo velho minuano.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Os Bandeirantes e a conquista do sul

Em novembro de 2003, intelectuais , acadêmicos e representante do governo reuniram-se em  um fórum sediado em Campos do Jordão/SP, para debater questões referentes à América Latina, à Portugal e à Espanha. Um dos temas que esteve em pauta foi a vigilância nas fronteiras   dos países sul-americanos, atualmente ameaçadas pelo narcotráfico e contrabando. 
As fronteiras brasileiras totalizam hoje 16.886 Km de extensão, outrora já foram bem menores. Ao lado monumento às Bandeiras, obra do escultor brasileiro Victor Brecheret (1894-1955) situada no Parque do Ibirapuera, em São Paulo. Brecheret criou um dos símbolos da cidade ao retratar o movimento dos Bandeirantes em suas incursões no sertão das novas terras da América do Sul. Agora convido você a viajar pela história dos carrascos Bandeirantes portugueses. 
Certamente até o final do século XVI, o território pertencente a colônia portuguesa na América era o mesmo que definira o Tratado de Tordesilhas em 1494, estendia-se desde o oceano Atlântico até a linha imaginária que liga a ilha de Marajó, ao norte, a Laguna, ao sul. Inicialmente os portugueses se estabeleceram no litoral, sendo assim até o começo do século XVII o interior permaneceu praticamente inexplorado. Entrementes algumas expedições foram empreendidas com o sutil objetivo de explorar esta região, dentre elas a de Aleixo Garcia, em 1526, e em 1531 a de Pero Lobo. Estas incursões pleiteada pela Coroa Portuguesa, conhecida como entradas, não tiveram grandes êxitos, na sua maioria foram dizimadas por doenças ou por ataques indígenas. 
A ocupação das regiões mais afastadas do litoral se deu com a introdução do gado no Nordeste e com a fundação do povoado de São Paulo de Piratininga, na capital de São Vicente, em 1554. Mais tarde elevado à categoria de vila, São Paulo se tornou principal centro de onde partiram as bandeiras, expedições armadas que conquistaram o território dos atuais estados de Mato Grosso, Paraná, Santa  Catarina e pequena parte do Rio Grande do Sul. Os integrantes dessas expedições inicialmente ficaram conhecido como Bandeirantes ou sertanistas. 
Em busca de mão de obra escrava para a lavoura, um dos principais objetivos dos bandeirantes era capturar indígenas para mais tarde vende-los como escravo em São Paulo. Normalmente eles mobilizavam toda a vila de São Paulo, algumas reuniam mais de mil pessoas. Viajando geralmente descalços, mal trapilhos e armados com arco e flecha e mosquetões, os bandeirantes cruzavam vales e montanhas seguindo o curso dos grandes rios. Quando os bandeirantes regressavam traziam consigo uma bagagem com centenas e até milhares de índios feito escravos. Estes eram os negros da terra, expressão utilizada para diferencia-los dos negros africanos,conhecidos como negros da Guiné. 
Por outro lado os jesuítas se opunham a essas expedições sangrentas e carrascas. Em 1570 a Coroa Portuguesa sancionou uma lei determinando que só poderiam ser escravizados os índios capturados nas chamadas guerras justas. As guerras justas eram aquelas iniciadas pelos indígenas ou as que tivessem por objetivo punir as tribos hostis aos portugueses. Esta lei de nada protegeu os índios, todavia serviu de base para mais atrocidades dos bandeirantes que amparados por ela justificavam todo tipo de escravização como decorrente de guerras justas. 
No principio, os bandeirantes capturavam os índios que se encontravam mais próximos de São Paulo; depois, passaram a procura-los sertão adentro; por fim resolveram capturar os índios já aculturados que viviam em grande e pequenas reduções. Um dos principais alvos foram as reduções dos jesuítas espanhóis em regiões onde se encontram o Uruguai e os estados do Paraná, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Os ataques às reduções vigoraram até 1623, quando praticamente  todas haviam sido destruídas pelos bandeirantes que saqueavam, queimavam e estupravam as mulheres indígenas que habitavam os redutos missioneiros. 
As bandeiras normalmente ultrapassavam constantemente a linha de Tordesilhas. Isso culminou em mais conflitos entre espanhóis e portugueses. Um dos mais violentos confrontos iniciou-se em 1680, na região do Prata. Este confronto ficou conhecido como Guerra Guaranítica. Foi procurando ampliar seus domínios na região da Prata,  que os portugueses fundaram em 1680, no atual território do Uruguai, a cidade de Nova Colônia do Santíssimo Sacramento. Em contra partida, os espanhóis atacaram Sacramento, dando assim inicio a uma série de conflitos com os portugueses pelo domínio da região platina. 
Pretendendo por fim nesses conflitos e delimitar as fronteiras entre suas colônias no sul do continente, os governos de Portugal e Espanha firmaram diversos acordo diplomáticos, dentre eles em 1750 o Tratado de Madrid. Segundo esse acordo, a Colônia do Sacramento passava ao domínio espanhol. Portugal, por sua vez garantia para si a posse das terras desbravadas na Amazônia e a região dos Sete Povos das Missões, no atual Rio Grande do Sul.
Pelo referido tratado, os religiosos espanhóis e os índios Guarani de Sete Povos deveriam cruzar o rio Uruguai e se alojarem em terras pertencentes a Espanha. Os índios se recusaram a sair das Missões, e em 1754, se rebelaram, sob a liderança do ilustre Guerreiro Sepé Tiarajú. Era o principio da Guerra Guaranítica, que se estendeu por dois anos e findou-se com a morte de Sepé em Caaró, hoje tombado pela ONU junto com as ruínas das reduções como patrimônio histórico cultural da humanidade.
Simplesmente a guerra levou à anulação do Tratado de Madrid. Em razão disso foi assinado em 1777 o Tratado de Santo Ildefonso, pelo qual a região dos Sete Povos voltou ao domínio espanhol. Seguiram-se mais disputas, e foi em 1801 que o Tratado de Badajos devolveu os Sete Povos das Missões a Portugal e delineou quase integralmente as fronteiras do nosso país como as conhecemos hoje. 
Os bandeirantes ficaram rodeados de mitos e realidades. A eles cabe ser patrono de nomes de ruas, praças, emissoras de radio e TV, palácios e monumentos. Porém, os bandeirantes não eram os perfeitos heróis consagrado pelo povo. Eles sim eram pessoas simples, cruéis e muitas vezes analfabetas. Para algumas vertentes históricas não se trata de considerar os bandeirantes heróis ou bandidos, mas sim vê-los como fruto de uma época, pessoas que pertenciam a determinada parte da cultura e viveram de acordo com os padrões da sociedade de seu tempo, o que não justifica as suas atrocidades e crimes cometidos.

RAPOSO TAVARES 

Um português nato que muito serviu a Dom Francisco de Souza, nascido em São Miguel do Pinheiro em 1559, conselho de Mértola e distrito de Beja, Portugal. Antônio Raposo Tavares comandou em 1638 uma bandeira que visava conquistar a região do Tape onde se localizavam as Reduções Missioneiras. Esta nova expedição visava expulsar os jesuítas espanhóis estabelecidos nas reduções do Tapes, hoje Rio Grande do Sul. Deixou São Paulo em janeiro, com 120 paulistas e mil índios.
Em 2 de dezembro a bandeira atingiu e atacou a redução de Jesus Maria José, na margem esquerda do rio Jacuí e depois foi a vez da redução de São Cristóvão em Rio pardo e no rio Jacuí. Logo depois tomou a redução de Santana. Segundo a tática usada por Raposo a bandeira ia dividida em companhias, dispersas em vários pontos, guardando porém unidade de ação. Uma dessas, a de Diogo de Melo Coutinho ficou agindo no chamado sertão dos Carijós. Esta bandeira regressou a São Paulo em 20 de janeiro de 1639 mas permaneceu no Tapes Raposo Tavares. Espero que tenhas gostado, qualquer duvida ou sugestões deixe seu comentário. Obrigado!


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terça-feira, 13 de agosto de 2013

Viva la revolución del pueblo


Jean-Jacques Rousseau foi um filosofo e pensador humanista nascido em Genebra, porem passou a viver em Paris a partir de 1742.  Suas grandes contribuições para os estudos filosóficos se deram a partir de seus ideais políticos. Estava a França passando por uma grande onda de efervescência dos ideias liberais que iluminaram a Revolução Francesa (1789). Suas ideias políticas traziam concepções de uma cidadania participativa.
Segundo Rousseau o governo não pode existir sem a participação do povo, e o povo não pode existir sem o governo. “Um é tudo e tudo é um”. Os poderes devem andar juntos para que ambos acordem a um consenso que deve ser unânime. Do contrato social especifica-se que todos os associados devem abrir mão dos seus direitos naturais em prol da comunidade, ao contrário de Locke ninguém perde, pois este feito de associação gera em cada contratante um corpo moral e coletivo. A unidade gerada pela associação guiará as vontades coletivas que são inalienáveis ao povo.
Quem elege um governante é o povo, o povo não fica submisso ao governante, pois o governante é parte do povo. Entrementes nesta sociedade idealizada por Rousseau não há alguém superior ao povo já que os governantes não são senhores absoluto do povo, pois o povo pode elegê-los e destituí-los quando perceber que ele não mais segue a vontade do corpo coletivo. A democracia rousseauniana e contrária ao regime representativo e diz que se uma lei não for aprovada pela unanimidade do povo em pessoa esta lei se torna nula. O povo deve ser uma sardinha seguindo o seu cardume, deve usar da coletividade para galgar seus objetivos.
A soberania deve ser ativa e passiva ao mesmo tempo. Na ativa o individuo deve atuar junto ao governo na criação das leis estatutárias que regem sua sociedade. E na passiva seguir as leis estatuídas por ele mesmo como parte do governo integrado ao povo. Não se pode dividir a soberania, pois só se tem um governo participativo quando ambos os lados, neste caso o povo e o governante, atuam paralelamente em busca do bem maior. A maioria e a divisão do povo são refogadas em ideias liberais por Jean-Jacques Rousseau. Tudo isso irá culminar na adoção de alguns aspectos pelos governantes da atualidade.
O atual sistema politico em que esta mergulhado o Brasil é extremamente representativo e não permite uma maior participação do povo, ou seja, a participação coletiva como bem defende Rousseau. Atribui-se a isso o fato de que desde o principio da colonização do nosso país o povo sempre esteve submisso às ordens de seu senhor governante. Nos últimos meses o povo saiu às ruas para protestar contra a falta de representatividade. Mascarada estava os manifestos, na verdade o povo estava descontente com os seus representantes por ele mesmo eleito.
Segundo Rousseau este empasse social poderia ser resolvido se houvesse um contrato social em que o povo participaria atuando diretamente adjunto ao governo. Seria viável se houve uma transição de poder, da democracia representativa para a participativa, assim poderíamos inteirar o povo às formações das leis como dito anteriormente. Se, um individuo isolado levanta-se contra seu governante ele corre o risco de acabar com a boca cheia de formigas, porem se o povo levantar-se sua vitória será sublime.

Logo, poderemos ter um governo participativo, onde cada cidadão poderá usufruir de seus direitos cívicos e deveres sociais. Sobre tudo não podemos nos deixar abalar pelos importunos da vida, sabedores da tão grande força que tem um povo unido nada mais nos resta se não unir-se e defender ferrenhamente nossos ideais de coletividade. Viva la revolución del pueblo!
Trabalho escolar elaborado para a disciplina de Filosofia.
Grupo A:
Ana Paula da Rosa 
Clóvis Trindade
Diorge Weirich




sábado, 3 de agosto de 2013

Valor ao que é nosso


Em tempos desventurosos como estes que sucedem-se, descortina-se diante de "nuestros" olhos uma imagem  pérfida da cruel realidade social em que naufragou nosso país. De  nada adianta agradar o povo com pão e circo se estes por "supuestos" são passageiros. A cultura que herdamos é magnifica, todavia a mesma não esta sendo divulgada em todo os cantos deste Brasil. Temos como exemplo o regionalismo, que luta para se manter vivo em uma sociedade cada vez mais americanizada e eurocêntrica.  
A velha história do que é nosso é inferior em relação ao produto dos europeus ou dos americanos provém da brusca colonização que nosso país passou. Se não bastasse todos estes paramentos, ainda temos que conviver com a usurpação dos nossos produtos culturais. Diariamente vemos "seres culturais" injetarem em nossa musica, nossa literatura, nossa arte traços que não nos pertencem. Aqui cito como exemplo o funk, que outrora já foi "escutável" e até mesmo "dançável", quem nasceu nos anos 90 sabe disso.  Hoje este se tornou objeto de cobiça e luxuria. Lamentável. 
Caros leitores, vivemos sufocados por culturas e influências benevolentes. Sem desfazer dos demais "produtos culturais" digo-vos que devemos sim valorizar nossa cultura. Nosso país é rico, porém nos representa ser pobre. Contudo vide os traços culturais que nele habita e valorizai o que ele possui. Cada região possui suas riquezas de norte a sul, basta abrirmos os olhos e enxerga-la.

Contudo, sabedores do que nos foi dado por herança, aconselho-vos que se fores de vossa vontade ide até uma casa de cultura de sua cidade ou vistai um museu. Se por ventura não haver nada em sua cidade, o que é lamentável, conecte-se à internet , abra seu navegador, carregue a página do Google e faça uma pesquisa dos traços culturais de sua região. Acima de tudo peço a todos, procure saber de sua história antes de viver na história dos outros. Já dizia o alegretense Oswaldo Aranha " Toda a vida deve ser a expressão de uma ideia", viva em prol de sua ideia, mesmo que tenhas que morrer por ela. Faça uma reflexão do cotidiano ao seu redor. 
Caro amigo leitor, tenha um ótimo final de semana. 


sábado, 27 de julho de 2013

Chimangos e Maragatos - Movimento armado de 1923

Os conflitos armados que se estenderam por onze meses  e tiveram por palco as planuras do Rio Grande do Sul ficou conhecido como Movimento Armando de 1923. Segundo o historiador gaúcho Antônio Augusto Fagundes, a Revolução de 1923, " foi a ultima guerra gaúcha, fechando a trindade que se iniciara em 1835 e continuara em 1893". 
Em virtude da Revolução Federalista de 1893 onde consolidou-se no governo do estado o memorável Julio de Castilhos gotas insurgentes rebelaram-se contra a eleição de Borges de Medeiros simpatizante e amigo do então ex-governador Castilhos. 
Neste senário destacava-se os Chimangos ( borgistas) que tinham como chefe máximo Borges de Medeiros do Partido Republicano Rio-Grandense ( PRR) e os menos destacáveis maragatos ( assisistas) que eram liderados por Francisco Assis Brasil do Partido Federalista ( PRF) . Em tese a Revolução surgiu numa conjuntura onde as oposições se uniram contra Borges de Medeiros, que se perpetuava no comando do Rio Grande do Sul, amparado Constituição Castilhista de 1891.

 Borges de Medeiros ( Chimango)

Francisco Assis Brasil ( Maragato) 

Júlio de Castilhos foi substituído na presidência do Estado por Borges de Medeiros, que seguiu adotando os mesmos métodos e que também tinha como objetivo perpetuar-se no poder. Em 1922, Borges resolve candidatar-se a outro mandato na presidência do Estado. 
Algo inusitado acontece, forma-se uma aliança que conta com vários segmentos da sociedade gaúcha para estimular uma oposição organizada. O veterano político Assis Brasil desafia Borges na disputa nas urnas. Divide-se, assim, o Rio Grande, entre borgistas e assisistas, chimangos (em referência ao pseudônimo dado a Borges por Ramiro Barcelos, Antônio Chimango) e maragatos* (como eram chamados os membros do Partido Federalista, identificados pelo uso do lenço vermelho).
Quando se anuncia o resultado das urnas, com a  vitória de Borges de Medeiros, a revolta por parte dos maragatos eclode. A comissão apuradora de votos, formada por pessoas fiéis ao governo, é acusada de fraude eleitoral pela oposição. A disputa nas urnas transforma-se em disputa pelas armas. A oposição, liderada por Assis Brasil, adere à revolta armada para derrubar Borges de Medeiros, que toma posse para um novo mandato em 25 de janeiro de 1923.
Os combates iniciaram ao final de janeiro. As cidades de Passo Fundo e Palmeira das Missões foram atacadas pelos caudilhos maragatos Mena Barreto e Leonel da Rocha, que encontraram forte resistência.
Os maragatos, que não estavam devidamente organizados para enfrentar as forças governistas, nem tinham objetivos militares definidos, ficaram confusos ao verem que a pretendida intervenção federal não viria. A continuidade da luta dependia das ações isoladas empreendidas por caudilhos como Honório Lemes e José Antônio Matos Neto, o “Zeca Netto”. Mas as operações militares ficavam restritas a regiões distantes de Porto Alegre e não conseguiram causar dano à superioridade dos borgistas. Logo os maragatos começaram a ressentir-se da falta de homens e de armas. Para Assis Brasil e seus aliados mais lúcidos ficou claro, desde logo, que não havia possibilidade de vitória militar e por isso manifestaram disposição de negociar com o lado contrário.
Zeca Netto - sentado, à esquerda - e líderes revolucionários

Zeca Netto, que se negava a fazer qualquer acordo com Borges, tentou uma última cartada. Ele pensou que, se atacasse e tomasse uma cidade importante, poderia intimidar os chimangos. Assim, em 29 de outubro, atacou Pelotas, na época a maior cidade do interior gaúcho, de surpresa, ao amanhecer, mas a manteve sob seu controle por apenas seis horas, porque as hostes governistas conseguiram se rearticular e receber reforços. Na iminência de ser atacado por forças superiores retirou suas tropas.
A partir deste episódio, já não tinham os maragatos condições de seguir lutando. Por iniciativa do governo federal, realizaram-se negociações comandadas pelo ministro da Guerra, general Fernando Setembrino de Carvalho, com a participação do senador João de Lira Tavares, representante do Congresso.
Em dezembro de 1923, pacificou-se a revolução no Pacto de Pedras Altas, residência de Assis Brasil. Borges de Medeiros pôde permanecer até o final do mandato em 1928, mas a Constituição de 1891 foi reformada. Impediu-se o instituto das reeleições, a indicação de intendentes e do vice-presidente do Estado.

Assinatura do Pacto de Pedras Altas 

Logo após o término do mandato de Borges de Medeiros assume o governo gaúcho Getúlio de Vargas que mais tarde lidera as investidas gauchas para chegar à presidência da Republica. Em 1930, a frente única rio-grandense, sob sua liderança, assume o governo do país. 

Curiosidades

Durante os conflitos de 1923 destacaram-se a forte participação dos Chimangos Oswaldo Euclides de Souza Aranha, dito Ten. Cel Oswaldo Aranha e José Antônio Flores da Cunha, dito General Flores da Cunha. Estas lideranças politicas e militares, em especial Oswaldo Aranha defenderam o grande Alegrete da fracassada invasão de Honório Lemes  empreitada em 19 de junho de 1923 com o  grande Combate da Ponte Borges de Medeiros que passa sobre o Rio Ibirapuitã. Mais tarde Oswaldo Aranha e Flores da Cunha juntamente com sua tropa capturaram Honório Lemes no Passo do Itapeví.

Depois do combate da Ponte Borges de Medeiros- foto do dia 20/06/1923

 Oswaldo Aranha 

Flores da Cunha 
Honório Lemes 

Maragatos*: A origem da palavra Maragato vem do Uruguai; o chefe gasparista Gumercindo Saraiva procedia do departamento de San José (da Banda Oriental), colonizado por espanhóis procedentes da Maragateria de Espanha.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Sociedade de Consumo

As constantes mudanças que desde a II Guerra Mundial, vem insuflando uma onda crescente de consumismo desenfreado em nossa sociedade, prediz que todo o individuo para ser aceito deve abastar-se de muitas compras, gastar e gastar até o limite do cartão de crédito estourar.
Os moldes de outrora não mais se fazem justos em meio a tempos tão voláteis, que como vento muda fácil de quadrante. A sociedade capitalista já traçou sua senda, ou pelo menos é o que parece em enfase a tão solida conceituação do modelo defendido pela maioria das nações.
O consumo desenfreado acarreta em um egoísmo egocêntrico banal e desumano, um meio de descriminação social onde o dito perfeito para os parâmetros sociais tem que ser aquele que se veste com a moda, bebe as melhores bebidas,consome produtos de marcas renomadas, enfim para ser aceito em um grupo social mais abonado tens que consumir.
Atenção! Isto não é uma critica contra o capitalismo ou em prol do socialismo, pelo contrário aqui busco sugerir que o consumo em exagero não nos faz bem. Devemos incentivar  a prática do consumo saudável, consumir aquilo que realmente estamos precisando e não sair pelo shopping comprando sem limites.

O bom capitalista sabe consumir com cautela e limites, fazendo seu dinheiro perdurar por mais tempo, alias gastar todo o dinheiro em uma hora ou duas não seria adequado. Como diz Maquiavel se fores fazer o mal faça de um tudo, mas se for fazer o bem faça aos pucos!
Devemos ser astutos, ganhar em cima do ganho, sim lucro é o que nos move e aquele papo que dinheiro foi feito para circular, há contrariedades. Veja bem, se o dinheiro foi feito para circular então ele teria rodinhas, o que não é o caso, ainda.
Siga esta dica: Não saia por aí gastando todo o seu salario em coisas fúteis, pois o fútil é temporal e o capitalismo é atemporal, transcende no tempo. Lembre-se disso!







sábado, 22 de junho de 2013

Política x Politicagem?

Muitos se perguntam se politica é o mesmo que politicagem, claramente isso não é verdade. Pois bem, vamos procurar apontar as principais características da politica e da politicagem ao final você decide.
Sabemos que a politica contemporânea como um meio de conquista, manutenção e expansão do poder surge no seculo XVI a partir de um filosofo italiano Nicolau Maquiavel ( 1469 - 1527), com o livro intitulado "O Príncipe" lançado em 1513. Foi a partir desta definição que a ética e a politica tornam-se distintas. Primeiramente o modo de governo era pensado nos moldes gregos, no entanto Maquiavel rompe a forma de compreender a politica antiga a partir de seu pensamento.


 Vejamos alguns pontos defendidos pelos gregos:
 * A ciência politica deve ser a ética de toda  uma sociedade, por isso o bem do individuo é o bem da sociedade.
* Politica deve buscar compreender o estado ideal.
Agora observemos algumas ideias de  Maquiavel:
* A politica é resultado da ação social baseando-se nas lutas ou nas divisões sociais.
* Não há busca por um estado ideal, mas sim uma descrição da prática politica da época.
Maquiavel pregava que a finalidade da politica não era como diziam os gregos, a "justiça" e o "bem comum" mas sim à conquista e a manutenção do bem comum. Na manutenção do poder a lógica da força se transforma em lógica da lei e do poder.
Maquiavel não aceitava a divisão clássica das três formas de governar e poder politico: monarquia, democracia e aristocracia. Qualquer modelo politico pode ser legitimo se for uma republica onde haja a liberdade e não despotismo e tirania. O príncipe ou seja o governador ( no caso do Brasil o presidente) deve ter "virtu" , deve ser flexivo às circunstancias, mudando com elas para que esteja em posição de "domínio" da situação mesmo que deva fazer uso da violência, da mentira, astucia e da força.
Bom, percebemos que Maquiavel muito se identifica com o nosso modo de politica vigente. Mas será que Maquiavel se identifica com a politicagem? É o que vamos analisar agora.
De modo geral temos que bem observar o que prega a politicagem. Tendo ela como um dos métodos mais escusos de se fazer politica percebemos que  o que a qualifica como politicagem é as constantes falhas, a corrupção que tem papel de grande destaque e a manipulação midiática.
Posso aqui responder-lhes a pergunta acima: Maquiavel se identifica com a politicagem? Mas creio que a obra de Maquiavel deve ser lida e compreendida por inteiro e não fragmentada como aqui mostrei. O intuito de cita-lá é indispensável pois quando falamos de politica é impossível não falar de Maquiavel. Aconselho que se quiseres compreender quem era Maquiavel sugiro que leiam sua obra por completo façam a par dela uma profunda reflexão, sempre voltada para a politica contemporânea.
Sobre tudo aqui ressalto que politica não é o mesmo que politicagem porem vemos que estas se confundem pois detectada é a usurpação da ética por parte de muitos políticos que mancham o conceito de politica.
Veja: Politica x Politicagem




segunda-feira, 17 de junho de 2013

Raízes do Sul - Apparício Silva Rillo

Biografia

 Filho de engenheiro-agrônomo e zootecnista Marciano de Oliveira Rillo e de Dona Lélia Silva Rillo - o pai era natural de Uruguaiana e sua mãe nascida em Guaíba - , Apparício Silva Rillo nasceu em 8 de agosto de 1931, no hospital São Francisco, em Porto Alegrete. Poeta,compositor e autor de obras teatrais Apparício guarda muito grato as suas lembranças dos nove anos que residiu em Guaíba, foi neste período que nasceram seus irmãos mais novos.
                                              O poeta ao 2 anos com seu primo
                                                           Em Guaíba

Em 1982, em alusão ao tricentenário da fundação histórica de São Borja, recebeu Silva Rillo o titulo de cidadão São-Borjense já que este prestava relevantes serviços na extinta Casa Irmãos Pozueco- grande compradora de lã, couros, peles ovinas e selvagens, pelegos trigo e linhaça-, casa de grande renome nas Missões e fronteira. Desde então Silva Rillo viveu e compôs em São Borja até 23 de junho de 1995, dia se sua morte.
Dentre suas grandes obras podemos citar suas poesias:  O pai nas Fotografias, Pago Vago, Pala de Seda, Para Moça Rosa, Perfil, Pesca, Petiço Velho, Pipa D'água, Oração e contra-oração ao negro do pastoreio e tantas outras.
                                          Começou a tocar violão com 5 anos

       No tempo do linho branco...Em Guaíba
            1949, com a quem viria ser sua esposa
            Recebendo a Calhandra de Ouro na V Califórnia  da Canção Nativa
                                                    Em Uruguaiana 1975...
                                   E, finalmente aos 53 anos em São Borja
                                   Foram-se os cabelos. Os versos ficaram...

Vejamos algumas poesias de Apparício Silva Rillo:

Pipa D'água
Apparício Silva Rillo

Sobre um rodado leve de carreta, 
puxada por um petiço 
mui velho, lerdo e maceta, 
esta pipa veterana 
- no inverno cada semana 
e no verão diariamente - 
cobria meia légua de distância 
no santo ofício de suprir a estância 
com a pureza das águas da vertente. 

Assim foi anos a fio... 
E fruto dessa constância, 
dessa labuta sem tréguas, 
no estirão da meia légua, 
entre a vertente e a estância 
se cavaram muitas trilhas. 
E assim, olhadas de longe, 
serpeando pelas macegas, 
mais parecem cobras cegas 
subindo pelas coxilhas. 

Certo dia, 
uma estranha geringonça 
levantou-se na paisagem. 
E a velha pipa, de volta 
da derradeira viagem, 
foi deixando um rastro d'água 
respingado no capim. 
Rebenqueada pela mágoa 
a velha pipa andarenga 
chorava o seu próprio fim. 

Agora,
exposta à sanha do tempo
devagar se desmantela.
Ninguém mais se lembra dela
nem lhe reclama o serviço.
E aquele velho petiço
- seu companheiro de luta -
afastado da labuta
consumiu-se de desgosto.
Morreu quase ao lado dela
num fim de tarde de agosto.

Velha pipa! velha pipa!
dá-me pena ver-te ao léu.
Atirada, sem cuidados,
com os varais levantados
apontando para o céu.

Velha pipa! velha pipa!
são dois braços que suplicam,
esses teus magros varais.
Em vão, em vão, pipa d'água!
porque alheio à tua mágoa,
indiferente aos teus ais,
o esguio moinho-de-vento
girando ao sopro do vento
te responde: - Nunca mais!

Oração e Contra - Oração ao Negro do Pastoreio
Apparício Silva Rillo

Negrinho do Pastoreio, 
afilhado da Senhora 
Mãe de Deus Nosso Senhor! 
Não te vejo nem te escuto 
nesse sem-fim cor de luto 
que se chama escuridão. 
Mas os teus olhos, Negrinho, 
percebem meus movimentos 
e os teus ouvidos atentos 
recolhem a minha oração. 

Negrinho, no fim do mês, 
no que eu bote a mão nos pila 
dessa tropeada de abril, 
eu vou comprar sete velas 
na venda do Geromil. 
E acenderei todas elas, 
- cada vela num moirão - 
e esperarei sete dias 
pela tua intercessão. 

Porque eu ando precisando 
da tua ajuda, Negrinho. 
Tu te lembra da Maria 
que eu levantei na garupa 
lá por volta de dezembro 
do ano que já passou? 
Pode ser que tu não lembre... 
Mas eu nunca me deslembro 
da china boba Maria 
que um mascate carregou... 
Que um mascate carregou! 

Eu não tenho raiva dela... 
Pois não vê que essa chinoca 
sempre foi meio boboca, 
muito fácil de levar. 
Meu avô sempre dizia 
que mulher não se perdoa, 
mas eu tenho a alma boa, 
sei esquecer e perdoar. 

Eu não tenho raiva dela... 
Tenho raiva é desse cuera 
que batendo no meu rancho 
- com parada de carancho, 
mentiroso e pacholão - 
se valeu de minha ausência 
pra levantar com a Maria 
no rumo doutra querência, 
sabe Deus pra que rincão! 

Negrinho do Pastoreio, 
é a Maria que eu procuro 
já meio falho de fé. 
Eu sei que sendo piá 
pouco entendes de mulheres 
que se vão ao deus-dará. 
Faz porém o que puderes 
por esse rabo de saia 
que por sinal é tocaia 
da tua Santa Madrinha 
- madrinha dos que a não têm - 
tocaia ao menos no nome 
porque é Maria também... 

Vou acender sete velas 
- cada vela num moirão - 
e esperarei sete dias 
pela tua intercessão. 

Mas se no sétimo dia 
a china boba Maria 
não voltar pelo seu pé, 
nunca mais, Negrinho maula, 
te darei tenência ou fé! 

Vou acender sete velas 
- cada vela num moirão - 
e esperarei sete dias 
pela tua intercessão. 

Mas se no sétimo dia 
a china boba Maria 
não cruzar esta cancela, 
aonde a sétima vela 
brilhar a sétima luz, 
juro por tua Madrinha: 
- cravo a faca na bainha 
no arremedo de uma cruz! 

Mudo de nome, Negrinho, 
se este arremedo de cruz 
não for cruz na cova rasa, 
nos sete palmos de chão, 
onde as tuas sete velas 
vão servir de sentinelas 
pr'esse mascate ladrão!