“Era curioso aquele método de construção que fazia
honra à bem conhecida persistência dos americanos. Ia procurar-se a madeira a
uma parte e o ferro a outra; dois ou três carpinteiros cortavam e emparelhavam
aquela, um mulato forjava o ferro”.
Giuseppe Garibaldi,
in “Memórias de José Garibaldi”, por Alexandre Dumas. Julho de 1907.
A observação de Garibaldi a respeito da construção de barcos
pelos farroupilhas, durante a Guerra dos Farrapos, é uma entre inúmeras
referências de exaltação da tenacidade e da persistência do gaúcho, que
encontramos nos documentos e relatos referentes ao decênio heroico quando os
sul-rio-grandenses se levantaram em armas para garantir valores como o da
liberdade e interesses de ordem econômica, militar, religiosa e ideológica.
As características fundamentais de uma
sociedade e dos homens e mulheres que a compõe, é invariavelmente conseqüência
de uma história. Não é diferente aqui no garrão do Brasil, onde a história é
contada a partir dos seus habitantes. O gaúcho que surgiu a partir do início do
século XVII é o resultado de uma mescla de raças e etnias que ocuparam a pampa
do extremo sul da América, abrangendo o que hoje conhecemos como Rio Grande do
Sul, Uruguai e Argentina. Os índios primeiros habitantes, os espanhóis,
portugueses e negros que aqui se estabeleceram alguns por vontade própria, mas
a maioria forçada pelas circunstâncias históricas que vivenciou. Depois vieram
os alemães, os italianos os poloneses e pequenos grupos de outras partes do
mundo. Do cruzamento destas raças, temperadas pelo frio, pelo minuano, pelo
espaço generoso e sem cerceamentos, pela lida com o cavalo e com o gado, surge
um tipo humano sedento por liberdade e extremamente apegado a sua terra.
Não podemos desconhecer que encontramos
aqui e acolá, historiadores ou “palpiteiros” que procuram descrever o gaúcho
como um marginal, um homem sem escrúpulos, machista, ladrão, contrabandista, e
assim por diante. Esquecem que o homem é, e sempre foi, um elemento do seu meio
e do seu tempo. Rude, forte, às vezes bandido, mas sempre livre, era o
Gaudério. Aquele homem deve ser compreendido e estudado a partir dos conceitos
morais e da ética vigente à sua época. Querer julgá-lo hoje, com os padrões
sociais e éticos da sociedade contemporânea é descabido.
No Rio Grande do Sul, território
disputado por Portugal e Espanha, o Gaúcho adquire algumas características
próprias, desenvolvendo um gosto muito apurado pela aventura e pelas
escaramuças bélicas. O Estado foi por muito tempo, tanto por necessidade quanto
pelo gosto, um grande quartel. Do dia para a noite as fazendas se transformavam
em quartéis e os peões em soldados. Bastava um toque de clarim para transformar
a peonada em companhia ou batalhão. O objetivo era quase sempre o mesmo: garantir
que o território não fosse dominado pelos castelhanos. Em 1835 o processo foi
outro. Os sul-rio-grandenses se rebelaram contra os Portugueses. Contra a
tirania política e econômica do Império Brasileiro que tratava a província com
desdém.
No início era uma manifestação de
inconformidade, uma exigência de melhor tratamento, depois, com a
intransigência imperial, se transformou numa tentativa de autonomia. A ideia de
República fervilhava entre os farroupilhas. O desejo de autodeterminação era
notório. No entanto havia como sempre houve um sentimento superior: o
sentimento de brasilidade. A República Rio-Grandense foi proclamada e durou
mais de oito anos, o que não impediu à assinatura da Paz que reforçou a
brasilidade do gaúcho.
O bairrismo quem nos caracteriza,
também, decorre dessa história e do tipo de formação da sociedade
sul-rio-grandense e não devemos negar ou nos envergonhar dele, assim como
precisamos reconhecer que o povo gaúcho é o mais politizado entre os
brasileiros assim como é, possivelmente, o mais persistente e aventureiro.
Texto
extraído do site do Movimento Tradicionalista Gaúcho Rio Grande do Sul
Conclusão:
O tradicionalismo gaúcho é algo
fenomenal, é uma forma de cultura sadia que nos conduz a construir um tipo
social exemplar: o gaúcho.
Nossa cultura, nosso povo tem sua
origem do caldeamento de índios, portugueses e espanhóis, deles herdamos as
danças, os mitos, as lendas, os princípios de ética e civismo.
Temos como um bom exemplo de manifesto cultural o ENART ( Encontro de Arte e Tradição) que ocorre anualmente levando a arte e a tradição gaúcha ao palco, defendida pelos grupos de dança que la se apresentam.
Esta cultura regional que é reconhecida
pela ONU, merece destaque e divulgação, seus conceitos sociais devem ser
difundidos na sociedade como bem fazem os Centro de Tradições Gaúchas (CTG), e
todos os demais núcleos promovedores da cultura gaúcha.
Assista agora a final do ENART 2012!
Parabéns pela iniciativa, Clovis! Adorei o blog, continue postando novidades! Orgulho-me de ter sido tua professora! Abração!
ResponderExcluir